O mês de novembro e o São Martinho bateram à porta da ABP. No dia 9, as castanhas e o vinho novo foram propostos às compadres e compadres - mais isto só aconteceu no fim do convívio daquela noite de sexta-feira.
O encontro estava marcado para o restaurante “A Cumeada”, em Champigny-sur-Marne, nas instalações de Fernando Cândido, um empresário que tudo fez para distribuir um pouco de Portugal em terras gaulesas: no início dos anos 60, já vendia produtos (alimentos e bebidas) que ele próprio importava de Portugal. Este homem conhecia os cantos todos da região parisiense onde viviam portugueses e, pouco a pouco, com sacrifício e força de vontade, criou um império em França.
Há pouco mais de um ano, Fernando Cândido apostou novamente na portugalidade, criando um restaurante com salas muito bem decoradas e uma ementa de grande qualidade - só faltava uma sala ampla para receber casamentos, ou grandes grupos. Mas essa sala chegou e foi com a Academia do Bacalhau de Paris que teve a honra de a estrear.
Antes de começar o jantar, os membros da ABP Júnior puseram à venda os bolinhos cozinhados a véspera da tertúlia em casa da comadre Clotilde Lopes, que os acompanhou na preparação e na cozedura dos mesmos no forno a lenha, como antigamente. O sucesso foi de tal modo que, em menos 15 minutos, os 150 bolinhos estavam todos vendidos e, se mais houvesse, mais se vendiam.
Como já tem acontecido em muitos encontros da ABP, foi servido um buffet de entradas e aperitivos à discrição aos presentes, que puderam provar um grande número de pratos tradicionais portugueses acompanhados de bebidas variadas.
Um momento de convívio muito agradável permitiu aos compadres trocarem opiniões sobre os acontecimentos da atualidade, como o centenário do fim da Primeira Guerra Mundial, a 11 de novembro, com a presença do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo De Sousa. Não se pode esquecer todos os filhos da nação que deram a vida para defender a liberdade, sete mil dos quais faleceram a 9 de abril de 1918, em La Lys, no norte de França, dia que marcou para sempre a nossa história.
Depois deste momento, os 120 compadres sentaram-se para usufruir de um bacalhau à lagareiro divinal. Só as concertinas tocando modas tradicionais obrigaram alguns compadres a cantar e mesmo a dançar para ajudar à digestão, tal eram a quantidade e qualidade.
Os discursos contaram as maravilhas vistas na África do Sul e a deslocação de Paris ao Congresso que homenageou o compadre Durval Marques, ficando o nome dele para esta edição do Congresso Mundial das Academias do Bacalhau.
Uma nota de agradecimento ainda para o compadre Mapril Baptista, que nos ajudou para oferecer e legalizar o carro adaptado a Joana Lopes Pereira, jovem deficiente residente em Portugal. Por fim, fim agradeceu-se também ao compadre Mário Martins que, pela sexta vez transporta a custo zero as roupas, sapatos e brinquedos para Portugal no âmbito da iniciativa Roupa Sem Fronteiras. Este ano serão Viana do Castelo e Cabeceira de Bastos a usufruir dos nos donativos.
Antes de fechar a tertúlia, os compadres e comadres juntaram-se num grande coro para cantar a Marcha das Academias.
Estão marcados os próximos encontros nos dias 1 e 2 de dezembro, para empacotar as Roupa Sem Fronteiras, e a dia 14 de dezembro nos Champs Elysées, para a gala de fim do ano.